Psicose

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Passo a madrugada me revirando nos lençóis e novamente não consigo dormir. Então saio pela janela, e sento no telhado, observando a noite estelar mais linda que já devo ter visto. Em uma tentativa frustrante de tentar relembrar bons momentos eu só imagino as coisas erradas que fizemos juntos, e como saíamos escondidos há um ano pela mesma janela que agora só transita o vento quente de toda noite. Tive um devaneio por no máximo dois minutos e meio, quando me deparo com a estrela mais brilhante naquela imensidão, e sinto meu corpo se aquecendo como se fosse na primeira vez que nos conhecemos, e meu corpo se arrepia como no primeiro dia que você me segurou nos braços e me levou até a cama.
E onde você estaria agora, e em que parte desse mundo você pode ter se perdido? Fui embora naquela noite, daquele bar, enquanto você tomava aquelas doses de red label e procurava êxtase no meio da sua bolsa, entre comprimidos de ritalina e citalopram. E talvez tenha sido naquela hora que eu vi que aquele não seria o melhor caminho, e que depois de ter lhe conhecido tudo que havia acontecido só estava te levando à morte, decidi ir embora e deixar que as drogas cuidassem do estrago que eu já havia formado.
Não que eu tivesse culpa dela ter sido internada em uma clínica psiquiátrica mais de duas vezes, ou que ela quase matou a avó achando que era um ladrão por ter encontrado LSD nas minhas gavetas. Mas eu me culpo por isso a cada dia, e esse talvez seja um dos motivos de eu não conseguir mais dormir em noites de lua cheia, ou por eu ter trancado a universidade de psicologia.
Minha vontade de viver em paz comigo mesmo havia se tornada imensa desde o dia que te disse um breve adeus. Desde então tenho ido aquele bar quase todos os sábados a noite e depois de beber tudo que havia direito até que eu perdesse a consciência e acordasse dois dias depois na mesma clinica de reabilitação que ficava todo mês.
Há dois meses parei de beber, o vício em drogas ilícitas persiste, já tinha ido em centenas de médicos e todos me falaram as mesmas porcaria de sempre; Que deveria parar de me drogas todos os finais de semana e continuar a tomar meus antidepressivos e antipsicóticos que tudo ficaria bem.
Porém, aquela madrugada tão iluminada e ao mesmo tempo tão escura havia me aberto os olhos para uma coisa. Não tinha necessidade daquelas caixas de remédios de tarja preta, o meu bom e velho cigarro de toda manhã já me trazia calma, e talvez, deitar e admirar as constelações seja o melhor remédio que eu poderia tomar dali em diante.

0 comentários:

Postar um comentário







Design e código feitos por Julie Duarte. A cópia total ou parcial são proibidas, assim como retirar os créditos.
Gostou desse layout? Então visite o blog Julie de batom e escolha o seu!